Carnaval: Festa popular que movimenta o Brasil

O carnaval é uma tradicional festa popular realizada em diferentes locais do mundo, sendo a mais celebrada no Brasil. Apesar do forte secularismo presente no carnaval, a festa é tradicionalmente ligada ao catolicismo, uma vez que sua celebração antecede a quaresma, período de 40 dias antes da Páscoa caracterizado pelo jejum.

Foliões do Bloco Raparigas de Chico, em João Pessoa. Foto Zé Carlos dos Anjos

 

Significado da palavra CARNAVAL – O carnaval não é uma invenção brasileira, sua origem remonta à antiguidade. A palavra carnaval é originária do latim, carnis levale, cujo significado é “retirar a carne”. Esse sentido está relacionado ao jejum que deveria ser realizado durante a quaresma e também ao controle dos prazeres mundanos. Isso demonstra uma tentativa da Igreja Católica de controlar o desejo dos fiéis.

História do Carnaval – Com o surgimento da agricultura na Grécia no período 600 A.C., os homens passaram a comemorar a fertilidade e produtividade do solo. O carnaval pagão começa quando se oficializa o culto a Dionísio na Grécia do século 7 A.C. e termina quando a Igreja Católica adota a festa em 590 D.C. O primeiro foco de concentração carnavalesca se localiza no Egito.

A festa era nada mais que dança e cantoria em volta das fogueiras. Os foliões usavam máscaras e disfarces simbolizando a inexistência de classes sociais. Depois a tradição se espalhou pela Grécia e Roma, entre o século 7 A.C. e 6 D.C. Mais tarde, o carnaval chega a Veneza para então se espalhar por todo o mundo. Afirma-se que foi lá que a festa tomou características atuais: máscaras, fantasias, carros alegóricos e desfiles.

O carnaval cristão passa a existir quando a Igreja Católica oficializa a festa. Antes a Igreja condenava o evento por seu caráter pecaminoso. No entanto, autoridades eclesiásticas da época se viram num beco sem saída, chegando a conclusão que não poderiam proibir uma festa popular como o carnaval.​

Origem do Carnaval – Na Babilônia, duas festas possivelmente originaram o que conhecemos como carnaval. As sacéias eram uma celebração em que um prisioneiro assumia, durante alguns dias, a figura do rei, vestindo-se como ele, alimentando-se da mesma forma e dormindo com suas esposas. Ao final, o prisioneiro era chicoteado e depois enforcado ou empalado.

Outro rito era realizado pelo rei no período próximo ao equinócio da primavera, um momento de comemoração do ano novo da Mesopotâmia. O ritual ocorria ao templo de Marduk (um dos primeiros deuses mesopotâmicos), onde o rei perdia seus emblemas de poder e era surrado na frente da estátua de Marduk. Essa humilhação servia para demonstrar a submissão do rei à divindade. Em seguida, ele novamente assumia o trono.​

O que havia de comum nas duas festas e que está ligado ao carnaval era o caráter de subversão de papéis sociais: a transformação temporária do prisioneiro em rei e a humilhação do rei frente ao seu Deus. Possivelmente a subversão de papéis sociais no carnaval, como os homens vestirem-se de mulher e outras práticas semelhantes, é associável a essa tradição mesopotâmica.

A associação entre o carnaval e as orgias pode relacionar-se com as festas de origem greco-romana, como os bacanais (festas dionisíacas, para os gregos). Seriam eles dedicados ao Deus do vinho, Baco (ou Dionísio, para os gregos), marcados pela embriaguez e pela entrega dos prazeres da carne.

A lógica que regia as festas da antiguidade era a mesma para o carnaval na Europa da Idade Média e Moderna: o mundo de cabeça para baixo. Sendo assim, tratava-se de um período de inversão proporcional da ordem, portanto, as restrições das vidas das pessoas eram abolidas, e os papéis que existiam naquela sociedade, invertidos.​

Carnaval no Brasil – A origem do carnaval no Brasil remete ao período colonial. Na época, havia uma brincadeira de origem portuguesa chamada entrudo. Essa foi uma das primeiras manifestações carnavalescas no país. O entrudo era um jogo em que os escravizados saíam às ruas jogando água, farinha, polvilho, limão de cheiro, tinta, café, lama e até urina uns nos outros. Essa prática também antecedia o período da quaresma e tinha a mesma finalidade: a possibilidade de fazer as pessoas se libertarem. Como o jogo era considerado violento e ofensivo pela elite brasileira, o entrudo foi proibido em 1841, mas a prática continuou até meados do século 20.

Embora as pessoas das classes sociais mais altas da época desprezassem a brincadeira popular, também queriam novas formas de celebrar o carnaval. Foi aí que começaram a surgir os bailes de máscaras, que geralmente ocorriam nos salões e teatros. Mas a festa logo ganhou as ruas. Começavam a aparecer os cordões de rua, voltados para as classes mais baixas. Daí em diante, surgiram os ranchos, corsos e escolas de samba.

Em um período mais recente, a tradição ganhou os frevos, afoxés, maracatus, marchinhas e cada dia que passa, outros gêneros musicais são incorporados ao carnaval do Brasil. Em algumas cidades, o carnaval de rua ainda guarda elementos do entrudo.

Em Salvador, as “guerras de água” são muito comuns em alguns blocos. O primeiro registro de um baile de carnaval no Brasil data de 1840. E em 1855 surgiram os grandes clubes carnavalescos, precursores das atuais escolas de samba.

 

 

Carnaval nas diferentes regiões do Brasil

 

Região Sul –  O carnaval no Sul, principalmente em Florianópolis, mistura vários elementos, com desfiles de escolas de samba, clubes e blocos de rua. Em alguns complexos acontecem festas com DJs nacionais e internacionais. Já no centro da cidade, a passarela Nego Quirido, conta com o desfile das escolas de samba da região.

Sudeste – A comemoração da Região Sudeste é muito parecida com a do Sul.  Nas capitais São Paulo e Rio de Janeiro, contamos com os desfiles das escolas de samba mais famosas do país, inclusive transmitidos pela televisão, nos Sambódromos Anhembi e Marquês de Sapucaí. Na maioria das cidades da região, se apresentam os blocos de rua. Alguns clubes de cidades do interior também contam com festas particulares, com muita música, samba e marchinhas de carnaval.

Centro-Oeste – Um dos carnavais mais tradicionais do Centro-Oeste ocorre em Goiás. A programação inclui marchinhas para animar os foliões e o show de diversas bandas, de gêneros variados, que ocorrem nas praças das cidades. A região também conta com desfiles de escolas de samba.

Nordeste – O Nordeste possui comemorações variadas. Na Bahia, por exemplo, temos os famosos trio-elétricos, onde se apresentam alguns dos artistas mais famosos do Brasil. É o famoso carnaval de rua, acompanhado pelos foliões. Por esse circuito passam mais de 150 blocos organizados e cerca de 2 milhões de pessoas durante os dias de festa. Ainda na Região Nordeste, temos o carnaval de Olinda e de Recife, onde o frevo e o maracatu reinam durante a comemoração. São diversos blocos, mas o que chama mais atenção no carnaval de Olinda são os tradicionais bonecos gigantes, tão característicos da cidade

Foliãs do Bloco Raparigas de Chico, em João Pessoa. Foto Zé Carlos dos Anjos

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Norte – As festas do Norte são muito ligadas ao folclore. Por exemplo, em Manaus, acontece a Festa do Boi (boi-bumbá), que se realiza junto com a comemoração do aniversário da cidade e tem a duração de três dias consecutivos. A festa leva em torno de 200 mil pessoas ao Sambódromo da cidade. O público dança ao som das tradicionais músicas, vestindo os tururis (abadás), acompanhando os trios elétricos, com escolas de samba com músicas de influência indígenas, que dançam uma coreografia impressionante.

A festa e a economia – O carnaval não é apenas um bom feriado para viajar livre do estresse do trabalho e das responsabilidades do cotidiano. O período também é um dos mais impactantes do Brasil, responsável por movimentar boa parte da economia em setores como turismo e negócios, influenciando positivamente no cenário econômico geral do país pelo resto do ano.

O faturamento do período representa 3% do total gerado anualmente pela indústria de viagens e turismo. Entre os visitantes estrangeiros, a maioria é proveniente de países como a Argentina, Estados Unidos, Paraguai, Chile, Uruguai, França e Alemanha.

Como mostram os números, a cadeia produtiva de um carnaval é um tanto complexa e envolve diferentes setores da economia. Até a hora em que a primeira escola de samba abre os desfiles na Marquês de Sapucaí, por exemplo, o carnaval já influenciou a atividade industrial, o dia a dia das agremiações e atividades paralelas que sofrem efeitos indiretos da festa, como o setor de comidas e bebidas, turismo e o mercado fonográfico.

Com a emergência sanitária causada pela Covid-19, nos últimos dois anos, a indústria do carnaval sofreu grandes perdas financeiras. O impacto vai desde a queda de receitas até os reflexos na vida dos trabalhadores da extensa cadeia que envolve toda a economia do carnaval.​​

Fonte: NeoEnergia

Redação

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