ONGs fazem campanha de doações ao povo Yanomami

Mylena Lira

Em janeiro deste ano, o presidente Lula instituui o Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento à Desassistência Sanitária das Populações em Território Yanomami. O Ministério da Saúde também declarou Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional para o território indígena do povo Yanomami, em Roraima. A região tem mais de 30,4 mil habitantes. A terra indígena Yanomami é a maior do país em extensão territorial e sofre com a invasão de garimpeiros. A contaminação da terra e da água pelo mercúrio utilizado no garimpo impacta na disponibilidade de alimento nas comunidades.

Profissionais da Força Nacional do SUS começam a chegar a Roraima desde a última segunda-feira (23), de janeiro, para oferecerem atendimento multidisciplinares, principalmente focados na readequação alimentar, já que o principal problema é a desnutrição grave. Nos últimos quatro anos, 570 crianças Yanomami morreram de fome e centenas de Yanomami idosos e crianças estão em situação de desnutrição aguda. De acordo com a ONG Ação da Cidadania, “esse número pode ser bem maior já que os órgãos que deveriam monitorar a situação foram completamente desestruturados” o governo de Bolsonaro. A organização não governamental alerta que é preciso agir urgentemente para levar alimentos aos indígenas. A Força Aérea Brasileira (FAB) transportou, no fim de semana, ao todo, cerca de 4 toneladas de alimentos para as comunidades Yanomami, sendo que 2,5 toneladas foram levados apenas ontem. Veja abaixo imagens divulgadas pela FAB em sua rede social:

Veja como fazer doação ao povo Yanomami

As ONGs Ação da Cidadania e Central Única das Favelas (Cufa) lançaram campanha de doação para ajudar no enfrentamento à situação de emergência sanitária. Algumas lideranças das duas ONGs vão para Roraima acompanhar in loco a mobilização e a distribuição das doações. Uma ação coordenada junto aos órgãos do governo federal, como o Ministério do Desenvolvimento Social e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), a Frente Nacional Antirracista, entidades militares e locais promove um mutirão solidário para arrecadação de alimentos para os yanomamis.

Quem quiser participar, pode doar nas sedes físicas da Cufa nos mais diversos lugares do país, pois nesta semana, estão saindo caminhões com doações de todo o Brasil rumo a Roraima, pelo pix doacoes@cufa.org.br ou pelo site da vakinha, que visa arrecadar 100 mil e, até o momento do fechamento desta matéria, conseguiu apenas R$ 5 mil. A vakinha também aceita pix pela chave 3412341@vakinha.com.br.

Paulo Abati, médico infectologista, especialista em saúde indígena: dados epidemiológicos que guiam as ações em saúde ficaram ocultos nos últimos anos (Foto: ONG Expedicionários da Saúde)

Bolsonaro é representado por crime de genocídio

Quatro deputados federais do Partido dos Trabalhadores protocolaram neste domingo (22) uma representação criminal na Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e a ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos e senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF) por suspeita de crime de genocídio contra os povos Yanomami.

“Crianças e adultos em situação de elevada subnutrição, cadavéricas, numa realidade que não deveria existir num país que ano após ano tem recordes na sua produção agrícola e alimenta diversas nações e povos”, diz o documento.

“A responsabilidade por essa tragédia é conhecida no Brasil e no mundo. Na verdade, além da omissão dolosa, o primeiro representado [Jair Bolsonaro] é diretamente responsável por autorizar, incentivar e proteger o garimpo ilegal nas terras indígenas Yanomami e em várias regiões da Amazônia”, acrescenta.

A representação também inclui todos os ex-presidentes da Funai durante o governo Bolsonaro – no período de janeiro de 2019 a dezembro de 2022. Esses gestores seriam diretamente responsáveis, por ação ou omissão, pelas mortes. Assinam a representação os parlamentares Alencar Santana (SP), Maria do Rosário (RS), Reginaldo Lopes (MG) e Zeca Dirceu (PR).

A Organização das Nações Unidas (ONU) já havia notificado o governo Bolsonaro sobre a situação na terra indígena. Porém, à epoca, o governo respondeu que já havia tomado providências para garantir saúde e alimentos, com a implantação de programas específicos parao grupo.

Porém, a situação em que se encontram é desumana, conforme constatado pelo presidente Lula em visita à região. Ele esteve em Boa Vista no último sábado (21) e viu de perto a crise sanitária que atinge os indígenas, vítimas de desnutrição e outras doenças, como malária e pneumonia. No ano de 2022, foram registrados 11.530 casos confirmados de malária na terra Yanomami.

“Se alguém me contasse que aqui em Roraima tinham pessoas sendo tratadas da forma desumana como o povo yanomami é tratado aqui, eu não acreditaria”, disse. “Nós vamos tratar os nossos indígenas como seres humanos, responsáveis por parte daquilo que nós somos”, ressaltu Lula.

SUS recruta voluntários para território Yanomami

O Ministério da Saúde divulgou ontem (22) um link de cadastro para inscrições de novos voluntários que queiram apoiar a Força Nacional do SUS. Neste momento, os acionamentos têm foco principalmente para serviços em território Yanomami. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, por meio do Twitter, que a medida foi tomada após vários voluntários oferecerem ajuda aos indígenas.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou medidas para contornar a situação de calamidade, que incluem o envio imediato de alimentos e suplementos (Fotos: ONG Expedicionários da Saúde)

O cadastro é permanente e, portanto, podem ser feitas convocações em eventuais futuras missões. Para submeter a inscrição é necessário preencher o nome completo e a área de formação. Os voluntários já convocados prestarão atendimento direto aos pacientes localizados na Casa de Saúde Indígena (Casai) Yanomami e assistência no hospital de campanha do Exército. A equipe é composta por médicos, enfermeiros e nutricionistas que atuarão de acordo com suas especialidades.

Fonte: JC Concursos

Redação

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