Como saber se a carne está estragada: especialista alerta consumidores para selos de fiscalização
Na semana em que três locais foram fechados na Grande João Pessoa, suspeitos de produzir e comercializar carnes impróprias para o consumo, o Jornal da Paraíba foi em busca de entender como saber se a carne está estragada e o que a população pode fazer para se proteger. A saída, segundo especialistas, é prestar atenção nos detalhes e principalmente nos selos de fiscalização, um ponto fundamental para descobrir eventuais fraudes.
De acordo com o alerta de Girlene Alencar, gerente-executiva da Defesa Agropecuária da Secretaria de Estado da Agricultura e da Pecuária da Paraíba, a identificação de carnes estragadas é um trabalho realmente difícil para o consumidor final, por causa dos artifícios usados pelos criminosos.
Girlane destaca que, ao menos no caso de uma fábrica clandestina identificada em Bayeux, tratava-se de produtos processados, com embalagens hermeticamente fechadas, rótulos bem impressos, sem cheiros ou aparências de estragado. “Nesses casos, a atenção tem que se voltar ao selo de inspeção e a alguns outros detalhes que possam indicar irregularidades”, pontua.
Ela explica que são quatro os selos existentes no país, que dialogam com diferentes abrangências: municipal, estadual e dois federais. Dentre os federais, um é para comercialização interna dentro do país e o outro prevê também a possibilidade de exportação.
“O selo é o que garante a procedência do produto. Ele tem a sigla que indica o tipo do selo e também o número do registro de inspeção”, ratifica.
A importância de denunciar
Girlene Alencar, gerente-executiva da Defesa Agropecuária, destaca que ao menor indício de irregularidade a população já tem que ficar em alerta. E, imediatamente, entrar em contato com os órgãos de fiscalização ou com a Polícia Civil. De toda forma, jamais consumir o produto.
“Por exemplo, se uma carne tem o selo de um município, e está sendo vendido em outro, já é sinal de que algo está estranho”, explicou, ponderando em seguida que no selo estadual de fiscalização da Paraíba há um mapa do estado impresso.
Para além disso, ela explica que nos casos recentes nenhum dos produtos possuía selos de fiscalização, por mais que tenham sido manuseados para dificultar a identificação das irregularidades.
As denúncias, nesses casos, podem ser feitas de forma online em www.ouvidoria.pb.gov.br e também na Polícia Civil da Paraíba, pelo telefone 197. Em alguns casos, as vigilâncias sanitárias municipais e estadual podem ser notificadas.
“Em regra, nós trabalhamos em conjunto”, resume.
Estabelecimentos comerciais são corresponsáveis
Se por um lado o consumidor final é vítima, os estabelecimentos comerciais que revendem esses produtos, como supermercados, açougues e mercados, são tratados como corresponsáveis pelas irregularidades.
Isso acontece porque esses locais são orientados e ensinados a apenas comprar produtos legalizados e dentro dos parâmetros legais. E necessariamente com um dos selos de inspeção.
“Só tem quem venda, porque tem quem compre”, prossegue Girlene Alencar.
Nesses casos, as denúncias podem ser feitas também tanto para os Procons quanto para as vigilâncias sanitárias.
Entenda o caso
No dia 29 de agosto deste ano, uma fábrica clandestina de linguiças foi fechada em Bayeux. De acordo com a Polícia Civil, os produtos, que recebiam rótulos falsificados de linguiças artesanais de frango e bode, eram feitos com carnes estragadas.
No dia seguinte, 30 de agosto, uma fiscalização no local constatou que os responsáveis usavam corantes, temperos e outros aditivos para mascarar o mau cheiro da carne estragada que era utilizada no processo. As informações foram confirmadas por Lúcia Pimentel, fiscal agropecuária que acompanhou os trabalhos na fábrica.
Já nessa terça-feira (3), outras duas fábricas clandestinas de carne foram localizadas e fechadas pela Polícia Civil, ambas em João Pessoa. De acordo com o delegado da Polícia Civil, Erilberto Maciel, as carnes eram armazenadas sem condições de higiene, em um estado de alta insalubridade.