Engorda das praias: Ambientalistas preveem possível tragédia ambiental em João Pessoa

Ambientalistas, pesquisadores e políticos paraibanos estão acompanhando com muita preocupação a intenção do prefeito Cícero Lucena em alargar a faixa de areia das praias do Cabo Branco, Tambaú, Manaíra e Bessa, em João Pessoa. No ano passado, Lucena esteve visitando a praia Central em Balneário Camboriú, que passou por obras de alargamento de 25 para 70 metros numa extensão de mais de 5km. Entre os ambientalistas já havia o temor que a decisão verticalizada do prefeito resultasse em problemas ambientais para a capital paraibana. Em Balneário Camboriú, litoral de Santa Catarina, foram registrados o aparecimento de tubarões e o aumento dos níveis de coliformes fecais nas águas. De agosto de 2021 até março de 2022, o Museu Oceanográfico da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) registrou o aparecimento de 28 tubarões e outros animais na praia Central da cidade litorânea.

Na noite da última terça-feira (14), foi realizada em João Pessoa a primeira reunião organizada pelos Movimentos Populares e gabinete do vereador Marcos Henriques (PT) para discutir o projeto apresentado por Cícero Lucena no início do mês na Câmara Municipal. Na avaliação do presidente da ONG MovSocial, ex-sindicalista Arimatéia França, que esteve presente na reunião, a prefeitura da capital, encontra-se no total descompasso com o Meio Ambiente, repetindo o comportamento sem diálogo, assim como aconteceu em outros projeto como por exemplo, a execução do “Cidade Sustentável”. França pede que antes de qualquer ação por parte da prefeitura seja realizado um amplo debate sobre a necessidade, ou não, da ampliação da faixa da areia das praias mais visitadas e belas da capital paraibana.

Arimatéia França durante reunião de 3ª feira

“Foi o que fizemos ontem no primeiro encontro entre ambientalistas, pesquisadores da UFPB e até deputados estaduais: Debatemos e discutimos. Todos queremos saber quais são as explicações e justificações de Cicero Lucena para propor um projeto dessa envergadura em nosso litoral. O que ele objetiva exatamente com esse projeto? É o que todos queremos saber e vamos abrir um diálogo com a sociedade civil organizada, já que ele disse que o tal projeto vai custar em torno de 200 milhões de reais. Dinheiro da população que poderia ser aplicado em obras estruturantes”, argumentou França.

Na avaliação do presidente do MovSocial está claro que a prefeitura precisa ouvir biólogos, pesquisadores da UPFB e UFPE sobre o que pode ocorrer nas correntes marítimas existentes no litoral paraibano. “ Percebe-se que Lucena age de acordo com impulsos de seus pares. É preciso buscar o diálogo. Agora é mexer em algo que existe há milhões de anos e que poderá resultar numa tragédia ambiental”, questiona França.

Nascer do dia na Praia do Cabo Branco. Foto Age Santana

Segundo o presidente do MovSocial está na hora de todos os ambientalistas se unirem na defesa da integralidade das praias do Cabo Branco, Tambaú e Manaíra. “As obras de contenção da Barreira do Cabo Branco vem ocorrendo há anos e ninguém, até hoje, falou em ampliar a faixa da areia das praias. Qual o real interesse do prefeito e do seu secretário e empresário da Construção Civil, Willian Montenegro”, questionou Arimatéia França.

Redação

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